O Demônio do Meio-Dia
Ouvi um eco obscuro
Um som dentro do meu ser
Semelhante a um resto de grito
Já consubstanciado e emergido: gemido
Ele arrasta-me para um mar negro
E profundo de dúvidas
Centraliza-me em uma encruzilhada fatal
Suspende-me entre nuvens cinzentas
O pior é que me paralisa
O não-fazer é o pior dos desesperos
A desídia é o pior dos pecados
É um estado congelante da alma
Que mata a ânima da existência
E existir, por algum momento, perde o significado
Não é um suicídio, porque daí seria uma ação em si
É a pior das lamentações, um líquido negro nas veias
É um hibernar de tudo que vale à pena
É a negação de abrir os olhos
É sobreviver alimentando-se de escuridão.
Em pleno dia, bebi do vinho que não devia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário