sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

MANADA DO ANAGRAMA

Tudo que eu queria na vida
era escrever uma letra só
uma nota só, um samba só
um botão que não se sentisse só

Era poder dar um laço
sem querer deixar espaço
pra fazer a mágica do nó

É lembrar obtuso                                                              (de ser o Homem-de-Aço)
do seu verso confuso
do tom grave em seus olhos

Engolir seco o ocaso
Sem lembrar dos pedaços
Salgados negros do alho

É ter a rima perdida
lá na última esquina
onde um homem está de pé

E dizer que te amo
E de longe acompanho
ondas tristes em Jaconé

Talvez de Botafogo
Talvez ser tijucana
única gentílica se quiser

tem os olhinhos puxados
a covinha engraçada
a garotinha virou mulher

Eu esbarro na letra
Eu desfaço o nó
a juventude em sândalo

O anagrama secreto
a missiva eu acerto
para não ter escândalo

2 comentários:

  1. Standing on the corner of the third world! Muito bom!!!

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    1. O desafio é escrever simbolicamente o suficiente para dizer o que tem que ser dito. É o desafio de ser livremente interpretado mas de alguma forma conduzir o significado. É difícil!

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