sexta-feira, 24 de junho de 2011

Alegoria I


crédito imagem: http://br.olhares.com/nu_a_janela_foto4654861.html

Alegoria - assim tua parte de viver
Como a arte te traria algum dia
Prefere então por assim dizer
sorrir e se vestir de ser

Como o amarelo combina com teu andar
Como o verde no teu falar
Como o sem cor na tua alma invisível

Mas se lá fora carros cinzelam o vento ao bel prazer
Algum tipo de lição eu poderia tirar disto tudo

Então põe pluma, põe
                                   [pode por!]
Põe salto, põe
Se tiver de aplaudir, eu aplaudo.

Puta que Pariu!

Com quantos puta-que-paris se escreve uma linguagem morta
ossuda, acéfala de sentimentos, pobre, insípida, ressequida

Com quantos puta-que-paris dedos em riste, cuspidas na cara
perdigotos espermatozóicos na verborragia instantânea

A raiva ao abrir o vidro do carro do ônibus dos óculos
Nas filas, nas vidas vilas vielas aquelas que enervam

Com quantos puta-que-paris dará o resultado
O salário atrasado, o gol anualdo, o fim inesperado
da novela, da cela da cena do problema rarefeito

Com quantos puta-que-paris e ainda, não verei eclipse
apenas elípse daquilo que resta  se presta
na fresta que o tempo mela na poeira cinzoplástica
Elástica no sobrevôo do helicóptero sobre a favela

Puta que paralítica política de impossibilidades
A beleza puta das esquinas das cidades
A destreza puta que consomem as idades
Pariu do quanto a pura que pura que pura que pura

Teu chefe não gostou do projeto
Tem vazamento no teu teto
Caiu um Boing em Berlim

Puta que pariu! meu irmão! Puta que pariu!

Gritei na Janela

Eu estava sob clara incontinência de quem bebe vinho
A certeza da razão demolida, a perda das amídalas
De tanto gritar em janelas desconhecidas e sozinho
Sozinho, ausente de paredes sólidas e bengalas amigas

Tudo naturalmente planejado para dar errado
A vida profunda na cidade atormentada de respostas
A violência, a concorrência, o trânsito parado
Aquela desvontade medonha de para tudo das às costas

Mas se desistir de amar - não sou eu, serei o vizinho
Mas se desistir de lutar - não sou eu, serei o outro
Apesar de no outro me reconhecer mais que comigo
Comigo me encontro mesmo com algum esforço

É por isso que pago minhas contas e bebo Cabernet
Me dou ao direito de pagar ainda mais pra ver
Por que sei que sou explorado mais do que devia
Mesmo que não valha mais a mais valia

Mesmo que de tantos direitos escritos me respaldem
Me multam e querem cheirar meu hálito
Me impostam os impostos - a bunda me apalpem
Me taxam até os ossos e ainda deixo barato?

A janela é minha - gritei de madrugada
Ninguém escutou - não houveram comentários
Não pixei a Igreja, nem o Governo, nem a politicada
Apenas um grito - uma escarrada - de alma e bile incendiários

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Poema Touch Screen



Oh! Eu toco e ele vira
                                                                   Oh! Eu toco e ele volta
Oh! Eu toco e ele acende
                                                                   Oh! Eu toco e ele vibra
Oh! Eu toco e ele toca

Só o espírito não se toca...

Se liga, hein, espírito...

terça-feira, 21 de junho de 2011

A morte



Eu, sinceramente, não sei o que a morte significa
Quem sabe?

Abro a janela: automóveis anônimos, contruções vazias, árvores órfãs

Sinceramente, o que sigfinica a morte?

O céu pode estar lúcido de azuis - mas não vejo além do céu
Não vejo o subterrâneo do mar, nem o subterrêneo dos corações
A quem eu vou prestar contas a não ser com as minhas perdas.
A música do tempo poderia estar sempre afinada nos meus ouvidos?


O que a morte significa? Não sei.
Sinceramente, não sei.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O DESAPARECIMENTO DA LETRA

A letra só me cai bem
Quando caio nela
Quando cá nela
Cheira canela
Canela
Canela

A letra preta some do poema
Quando verso queima
Quando inverto ela
Quando inverto ela
Quando invertê-la

A letra desaparecida
Quando surge aguerrida
Quando querida
Quando querida
Quando querida
Quando queira.
Letra foi – ida.

A letra, enfim, é o próton do poema.

DIALOGANDO COM O MUNDO

Hoje tentei dialogar com o mundo
Mas não entendi o que ele dizia
Tentei dialogar, mas não compreendia

Tantas guerras a travar
E outras que já tardiam
Tanta paz a conquistar
E ideologias à revelia

Hoje tentei dialogar com o mundo
E os xiitas tortos de hipocrisia
Queriam arrancar da voz
A atroz verdade que se consumia

Inferno é o mundo que não dialoga
Ou o céu é a língua que se calaria?

Diante de tantas vozes
Talvez uma que eu entendia
De buscar na mentira da arte
E essência de alguma utopia

Eu faço minha parte
Na beleza da filosofia
Mesmo que ninguém me escute
Nem perscrute minha poesia

Mas se alguém do mundo me propuser
Mesmo sendo um Zé qualquer
...dialogaria.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

ME DÁ UM CIGARRO, PORRA!


 _ Me dá um cigarro, porra!
                                                                                                                                                                      
 11:05 pm
“Beber uma cerveja bem gelada, dar aquela paquerada/
junto com rapaziada..”
Txxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

“What’s the frequency, Kenneth?”
Txxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

 _ Me dá um cigarro, porra!
            Estação Catete, desembarque obrigatório pela direita

“And when the words
They fall apart
When the walls come tumbling in
Though we may deserve it
It will be worth it”

Txxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

 _ Me dá um cigarro aê,  porra!

“Não vou ficar sozinho/ é de ladinho que eu me acho...”

Txxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

“Me leva que eu vou, sonho meu/ Atrás da verde rosa só não vai...”

 _ Me dá um cigarro, porra!
            Estação Estácio, estação de transferência para linha 2/ Desembarque obrigatório pela direita.

Txxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx

“All I ever wanted
All I ever needed
Is here in my arms
Words are very unnecessary
They can only do harm”

 _ Me dá um cigarro, porra!
...daqui há alguns instantes passará o último carro para linha 2/ A linha 1 encontra-se inoperante

11:35 pm
 _ Não fumei ainda, nada.

Txxxxxxxxxxxxxxxxxxx

“Never again
Is what you swore
The time before”

Txxxxxxxxxxxxxxxxxxx


(Escrito originalmente em 07/11/1999)

SIGNO

Alguns signos visito invariavelmente:
            “alma”, “tráfego”, “urbano”, “beijo”, “amor”
                       destes que qualifico como essência,           
                                mesmo que soe endo-paródia
                                          mesmo que seja um lítero-decalque de mim mesmo.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Código Binário



                     01110110011010010110010001100001                      01100011011011110110111001110011011101010110110101101111
01001101
01001111
01010010
01010100
01000101

Life can not be reduced to this