Vez em quando ares passados querem tomar fôlego
Cansam-se de tanto enterrados na alma
/Lamentam-se sôfregos e intestinos /
Querem ontem mudos, hoje gritarem barítonos
Surgem em inspirações erráticas
Em piscares lentos, quase escuros
diminutos, quase desvarios
São pensamentos sufocados
Labaredas mortas-vivas
Focos esquecidos nos escombros da memória
São fantasmas arredios, miasmas lacrimosos
Arrepio repentino ao atravessar a rua
No meio do tráfego
Na insônia sudorípara
Na apneia que nos desperta
Tremem os dedos sujos
A boca amarga e deserta
Um ensurdecimento trágico
Num micro-segundo alerta
A saudade é assim
cegueira labiríntica
A saudade é assim
miragem quase mítica
Exorcizam-se demônios
mas a saudade fica.
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