sexta-feira, 24 de junho de 2011

Gritei na Janela

Eu estava sob clara incontinência de quem bebe vinho
A certeza da razão demolida, a perda das amídalas
De tanto gritar em janelas desconhecidas e sozinho
Sozinho, ausente de paredes sólidas e bengalas amigas

Tudo naturalmente planejado para dar errado
A vida profunda na cidade atormentada de respostas
A violência, a concorrência, o trânsito parado
Aquela desvontade medonha de para tudo das às costas

Mas se desistir de amar - não sou eu, serei o vizinho
Mas se desistir de lutar - não sou eu, serei o outro
Apesar de no outro me reconhecer mais que comigo
Comigo me encontro mesmo com algum esforço

É por isso que pago minhas contas e bebo Cabernet
Me dou ao direito de pagar ainda mais pra ver
Por que sei que sou explorado mais do que devia
Mesmo que não valha mais a mais valia

Mesmo que de tantos direitos escritos me respaldem
Me multam e querem cheirar meu hálito
Me impostam os impostos - a bunda me apalpem
Me taxam até os ossos e ainda deixo barato?

A janela é minha - gritei de madrugada
Ninguém escutou - não houveram comentários
Não pixei a Igreja, nem o Governo, nem a politicada
Apenas um grito - uma escarrada - de alma e bile incendiários

Um comentário:

  1. "Tired of injustice
    Tired of the schemes
    The lies are disgusting
    So what does it mean
    Kicking me down
    I got to get up
    As jacked as it sounds
    The whole system sucks
    (...)
    With such confusions
    don't it make you wanna scream"

    (Michael Jackson _ Scream)

    Cara, muito bom esse! cada frase foi aproveitada ao máximo.
    Gritei no meu quarto: Muito bom Umberto!

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