(Arte: A Mulata Grande III - Hector Carybé, 1980)
Carnaval I
Veste de forma amor/ Céu claro pluma esplendor
Gliter cintila tal purpurina/ Cintura curvas de isopor
Espuma pintura tinta/ alegoria alegria retinta
E o suor mistura e risca/ e roça madeira nem pisca furor
apronta o surgir da bailarina/ no barraco onde maquia o pierrô
Risca roça monta cola/ cola risca lixa rola
cronometradíssimo
batimento cardíaco
bandeira
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Carnaval II
Aponta para a plateia, Negra
que este povo tá aí pra te aplaudir
samba ginga faceira pra câmera da direita
que a TV quer ver o teu sorrir
Tigres águias e corcéis
índios heróis coronéis
samba pra arquibancada
colore a avenida com teus pincéis
E faça com que as mídias estampem teu sorriso
confetes e serpentinas graficamente dispostas
sobre teu corpo
Por que se precisa de mais?
feitiço.
CARNAVAL III
Deixaram pra trás a pluma
a rosa pluma que arredia
queria brincar carnaval
e a rosa pluma, de tanto “comigo ninguém pode”
ficou no chão e não chegou na apoteose
o sonho acabou
o tempo se perdeu
e fevereiro com a pluma rósea morreu
num último suspiro extravagante
gigante
tristeza
Contexto: "Trilogia Carnaval" publicada por mim no site A Arte da Palavra em 20/08/2002.
Nenhum comentário:
Postar um comentário