sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O LIMITE DO POEMA

Até onde vai o poema?
Qual será o limiar do seu tema?
Qual será a beira do seu abismo?
Qual maior desafio para sua arte?
Grafitar nas areias de Marte.
Versar filosóficos cosmologismos.
Trilhar a metáfora mais absurda
Escancarar negros silogismos
Guerrear contra a ignorância
Na protuberância de suas pretensões
Talvez despertar esperanças
Em sufocados corações.

Até onde vai o poema?
Na frase curta das ladainhas
No carimbo dos cordéis
No rap rápido dos americanos
No limbo sôfrego dos ultra românticos
No concretismo sem papéis
No púlpito das praças
Na boca diminuta das traças
Em guardanapos de bordéis
No embassar do espelho
No caderno de colegiais
Na tatuagem no peito
Na censura dos generais
Na parede da cadeia
Na liberdade alheia
No gemido de bacanais
Na saliva dos cantores
Toscos compositores
E literatos geniais
Ser o mal pejorativo
Palavrões, gritos, gemidos
Escatológicos, colossais
O limite do poema
Este é o problema
Não terá fim. Jamais.                                                                                        ***

2 comentários:

  1. Gostei muito desse texto.
    E é a mais pura verdade: o poema não tem limite, não tem fronteiras. Ele vai até onde houver um ser pensante, e isso há em todo lugar.
    Parabéns!

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