quarta-feira, 24 de agosto de 2011

MACETES NOSSOS DE CADA DIA

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- Pééééé. pééééééé
- Já vai! - pensa secando as mãos no pano de prato.
- Pééééé. péééééééé´
- Ai deve ser a Zéfa - pega o interfone - Alô, Zéfa?
- Dona Vera, sou eu!
- Vou apertar aqui e depois você dá uma levantadinha no portão, viu?
- O quê?
- Dá uma levantadinha no portão! - Péé - Abriu?
- Não!
- Vai....pééé´...Abriu?
- Foi!
- Marco Antôniooooo! Você não viu este portão ainda Marco Antônio?


  E...Marco Antonio, enterrado no sofá.


- Aí, o interfone caiu de novo. Tem um macetinho....Ai caiu de novo (pensa). MARCO ANTÔNIO!!!!
  Você não vai consertar este interfone, não, Marco Antônio???
  Deixa eu colocar devagarzinho....devagarzinho....assim...foi....foi.....Caiu! MARCO ANTÔNIO!!
  Cadê o papelzinho...Agora vai...vai...assim...encaixou! - Olha irritada para sala.


  E...Marco Antonio, enterrado no sofá.


- Oi Zéfa, como está?
- Oi Dona Vera...
- Vem entrando...cuidado com este tijolinho do degrau da entrada.
- Ops!
- O Marco Antônio ficou de consertar...vem na sala Zéfa!
- Oi Seu Marco, boa tarde...


 E...Marco Antonio, enterrado no sofá


- Marco Antonio, a Zéfa deu "boa tarde".
- Hum! - Acessa com a mão e o resto...enterrado no sofá.
- Ai, que grosso! Vem na cozinha Zefá pra gente se acertar.
*
*
*
- Ai Zéfa, que bom que você veio. Eu estou precisando de você de novo...
  Quanto tempo faz, hein, três, quatro anos?
- Quatro anos! O Rafinha tinha acabado de fazer um ano...Ai teve aquele problema
   com a minha mãe e tive que voltar pra terrinha...Sempre gostei muito da Sra. e sei
   que a Sra. gostava de mim.
- Ah!. Não. NÃO. NÃO
- Como não.
- Não senta aí não que a cadeira está com a perna ruim...
- Ah sim!
- Encosta na parede e senta de ladinho...mas como você ia dizendo...
  Ora Zéfa você era meu braço esquerdo e direito. Me ajudou muito com a Rafinha...
  Quer uma água?
- Obrigado. Vocês moravam naquele apartamento, não é? Se mudaram quando?
- Faz um ano e meio. Conseguimos financiar esta casa...mas o Marco Antônio
  tem que fazer umas coisinhas. Mas sabe como é Marco Antônio, mudou nada...
  Vive caidão naquele sofá. Filme, futebol, filme, futebol...
- E fica sempre caído assim...
- Uma hora tem que levantar pra ir ao banheiro pelo menos.
- Não o interfone....
- Ah! Sim...quer dizer não...tem que botar um papelzinho pra segurar...
- Bom Dona Vera... então já posso começar...Vou fazer um cafezinho pra gente...
- Tá bom...vou acordar o Flavinho, senão ele não dorme de noite...
- Ah! Tem usar a faca, tá?
- Pra fazer o café? Faca pra fazer café?
- É que o bule é de outra cafeteira e a pontinha não alcança o orifício da mola de saída...
- O quê?
- É você põe a pontinha da faca naquela liguetinha pra sair o café enquanto
  evapora a água.
- Ah! Sim.
*
*
*
- Nossa Dona Vera como o Flavinho cresceu...
- Aqui a Tia Zéfa, meu filho, vai cuidar de você...
- Ele ainda tá com sono...não amole ele não....
- Mamãe tem um cheiro ruim...
- O que meu filho?
- Aquele cheiro ruim de novo...
- É mesmo Dona Vera...é cheiro de  gás?
- Caramba é mesmo...não pode deixar o registro do gás aberto...tem que fechar 
  depois de usar o fogão. O Marco Antônio FICOU DE CONSERTAR A BOCA DA 
  ESQUERDA, NÃO É MARCO ANTÔNIO... - aumenta o tom e faz com a cabeça
  em direção à sala.


  E...Marco Antônio, enterrado no sofá.


- É um perigo né, Dona Vera?
- Zéfa, sente aí que eu vou nos servir de café...E aí...temos um quarto sobrando...
  se você quiser pode ficar aqui a semana toda...
- Isto vamos ver....estou morando aqui no Encantado. É perto.
- Como quiser, Zéfa. Fica à vontade pra saber o que é melhor pra você.
- Dona Vera deixa eu lavar as xícaras. E o Seu Marcos, hein, sempre este jeitão...
- Bem devagarinho, devagarinho...
- É devagariiiinho, né Dona Vera?
- Não Zéfa, a torneira, abre devagarinho senão sai a válvula...e quando for fechar
  dá uma apertadinha por que carrapeta tá gasta...
- Ah! Tá...
- Bom Zéfa, vamos ver o seu quarto?
- Ah! Sim.
- Este quarto tá sobrando na casa...quando você for ligar a luz dá uma seguradinha na tomada.
- Uma seguradinha?
- Sim, um segundinho que acende viu? Ah! Apagou! Só mais um pouquinho...viu acendeu!
- Ah! Tá....
- A gente vai instalar um ventilador de teto aqui...mas por enquanto você usa este circulador tá?
- Tá!
- Mas usa ele inclinadinho assim, ó...tá vendo...senão conforme vai girando bate na grade e faz   um barulho chaaato.
- Ah! Tá!
- Vamos no quarto do Flavinho?
- Vamos.
- Tá vendo que graça!
- Que lindo Dona Vera! Lindo mesmo! Nossa que guarda-roupa bonitinho.
- ...e ordinário
- Ordinário?
- E ordinário! Não tem uma porta que a dobradiça sai. Tem abrir bem devagarinho...
  Fechar beeeem devagarinho...
- Ah! Tá.
- E o Flavinho...vê muito esta televisão...linda né...de plasma, que chique!
- Ah! Vê...gosta de ver...mas pra ligar é um suplício.
- Por quê?
- Tem que ser um jeitinho aqui na tomada. A gente põe assim meia banda...dá uma estaladinha.
- Estaladinha...
- É um choquinho...coisa boba....viu? Pronto. Ligou.
- Dona Vera. A Sra. me dá licença que vou no banheiro...
- Fica à vontade, Zéfa!
*
*
*
- Toc! toc! toc!
- Tem gente!
- Não, Zéfa, sou eu! Olha...quando terminar...dá uma socadinha na tampa da
  descarga senão pode ficar escorrendo a água no vaso, viu?
- vi.
*
*
- Oi Zéfa, acertou lá a...
- Acertei, Dona Vera...pode deixar
- Dona Vera...Desculpe perguntar....posso perguntar?
- Pode, Zéfinha...
- Tem algum troço que não tenha macete nesta casa?
- Ah! Sim Zéfa....O Marco Antônio...com "isso" não tem macete que dê solução.


   E...Marco Antônio...coça a nádega esquerda e...se enterra no sofá.

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