terça-feira, 9 de agosto de 2011

ZONA NORTE


Da janela de um prédio na zona norte
Não se avista mar
É mais sério e é mais forte
A pulsação do tráfego, os fantasmas do tráfico.
O hábito átimo de lembrar-me de você

Na zona norte não há tempo
Pra andar de bicicleta
De ser atleta em movimento
Não há vento marítimo no rosto
Mas o ritmo trêmulo das pipas
A tremularem dementes coloridas
Arredias me lembram
     [de repente de você

As bancas não vendem Piauí
As ancas balançam ao som do proibidão
Debaixo do viaduto, debaixo de algum vão
E eu clichê - suburbano coração
Mané, vacilão, quando me lembro de você

Dezembros se passaram de graça
O jogo do bicho se perdeu
Velhos se exercitam na praça
(E outros ainda bebem cachaça)
Vez enquanto a light faz um breu

Às torres do Sumaré confesso minha aflição
O Redentor, de costas, não quer confusão
Repique e cerveja compõem minha diversão
O cinema virou igreja e eu por incrível que pareça
         [menos cristão.

Deixa que eu escute um pagode
Em saudosa comemoração
Depois das dez, aqui pode
A saudade faz-se um batidão

O destino me proibiu te ver
Me proibiram de soltar balão
Pelo sim, pelo não
Pode soltar morteiro
No gol da seleção
Ou por um time qualquer
Que jogar no Engenhão

Tirei meu time de campo
Só pra ver você crescer
E eu clichê – coração suburbano
Mané, vacilei, de saudade de você

Nenhum comentário:

Postar um comentário